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Meu cão está obeso. Preciso me preocupar com o olho?

A obesidade nas pessoas vem aumentando drasticamente nos últimos anos, e se tornando grande vilã em saúde pública em escala mundial. Como consequências da abundante oferta de alimentos palatáveis, energéticos e baratos, aliados aos hábitos sedentários, pode ser considerada o fator desencadeante desta epidemia. 

Os numerosos séculos de domesticação deram aos cães o privilégio de serem os mais “mimados” dos animais domesticados pelo homem. Isto significa que podem desfrutar de bons pratos de comida, e também compartilhar os nossos maus hábitos e as manias da civilização. Sabem nos conquistar com seu jeito divertido e sua famosa carinha de pidão. Fica difícil resistir quando nosso filho de quatro patas pede nossa comida, e é normal ceder um petisco ou um pouco mais de ração em um momento de fraqueza, mesmo sabendo da existência da obesidade canina.

O problema é que a aquela aparência de fofinho e para alguns até “saudável”, pode desencadear diversas doenças. Cães obesos tem predisposição para terem uma séria de alterações metabólicas e até mesmo doenças endócrinas como: dislipidemia, hipotireoidismo, diabetes mellitus, hiperadrenocorticismo; que podem levar à alterações oculares importantes.

Dislipidemia é o aumento dos níveis séricos de colesterol e triglicéris, ou seja, uma quantidade muito alta de “gordura” no sangue, onde as principais alterações oftálmicas são: degenerações de córnea por deposição de lipídeos no estroma anterior da córnea, humor aquoso lipêmico, que é quando essas substâncias adentram o olho podendo desenvolver uveíte e glaucoma, além de alterações retinianas também.

O hipotireoidismo é a condição clínica que resulta da deficiência dos hormônios tireoidianos. As principais alterações oftálmicas são: ceratoconjuntivite seca (olho seco), que é a diminuição da produção lacrimal, a Síndrome de Horner, que é uma síndrome clínica causada pela lesão dos nervos faciais e oculares que fazem parte do sistema nervoso simpático, e também a degeneração de córnea por acúmulo de lipídeos.

Já na Diabetes Mellitus, que é o excesso de glicose no sangue, a principal alteração oftálmica observada é a catarata, porém outras também podem estar associadas como olho seco, diminuição da sensibilidade da córnea e alterações retinianas.

Hiperadrenocorticismo é o distúrbio causado pela produção excessiva de cortisol pela glândula adrenal. Esse excesso de cortisol pode promover a elevação da pressão arterial sistêmica levando ao descolamento de retina com cegueira aguda, além de outras alterações como hemorragia na córnea; paresia ou paralisia do nervo facial, e também o depósito de cristais de gordura na córnea prejudicando a transparência.

Por essas alterações citadas e até mesmo outras doenças mais graves que a obesidade pode ocasionar, é importantíssimo a prevenção da obesidade nos pets. Doenças estas que na maioria das vezes não possuem uma cura efetiva, e o pet acaba ficando com alguma sequela irreversível. 

Procure um clínico geral de sua confiança para avaliar a condição corporal do seu pet e ver a necessidade de um controle mais adequado do peso dele, além da avaliação de rotina com exames de sangue para saber se existe alguma alteração prévia que pode ser controlada antes do aparecimento de problema mais graves.

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