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Por que meu cachorro está com olho branco?

Para respondermos a essa pergunta primeiro precisamos entender que algumas estruturas oculares têm a manutenção de sua transparência como necessidade para realizar suas funções. Dentre essas estruturas temos a córnea, humor aquoso, a lente ou cristalino e o humor vítreo. Assim, a perda de transparência desses meios refrativos muitas vezes representados por aspecto branco, azulado ou acinzentado podem genericamente serem denominados, pelos proprietários de pets, de olho branco. Mas, segundo Dr. Gabriel T.N.M. Ferreira, dentre as estruturas refrativas, a lente ou cristalino representa a maior porcentagem de casos atendidos por queixa de olho branco nos cães e gatos.
O cristalino é uma lente intra-ocular, localizada atrás da íris (porção colorida do olho responsável pelo controle da pupila).  A lente tem como função a acomodação visual, ou seja, promove a focalização dos objetos em diferentes distâncias dependendo de sua curvatura. O mecanismo de acomodação visual é pouco desenvolvido nos animais domésticos.
A perda progressiva de transparência (opacidade) da lente, focal ou difusa, que leva ao aspecto de olho branco, denomina-se catarata. Porém, o aspecto azul-acinzentado da parte central da lente, observado com o avançar de idade de nossos pets, pode ser confundido com catarata. A esclerose nuclear avançada é um diagnóstico diferencial de catarata. Seu aparecimento ocorre por volta dos sete anos de idade, devido o crescimento da lente.  As fibras mais antigas são gradualmente comprimidas em direção ao centro da lente tornando o núcleo menos transparente e denso. Mas diferente da catarata, a esclerose nuclear não leva a cegueira, inflamação intra-ocular e não necessita de tratamento. Mas seu diagnóstico depende de um exame oftálmico cuidadoso e pupilas dilatadas.
A catarata (opacidade da lente) é a causa mais conhecida de “olho branco” em cães e gatos. Podemos observar catarata em todas as raças de cães e gatos. Algumas raças mais predispostas são o Poodle, Cocker Spaniel, Shih tzu, Lhasa Apso, Yorkshire Terrier, Schnauzer miniatura, Golden e o Labrador Retriever. Apesar da maior ocorrência em animais senis (a partir de sete anos de idade) a catarata pode ser observada em qualquer idade.

Causas

As causas de catarata são muitas :

  • Hereditária
  • Relacionada à idade (senis)
  • Doenças sistêmicas: Diabetes Mellitus, hipocalcemia, distúrbios metabólicos
  • Deficiências dietéticas
  • Medicações e substâncias tóxicas
  • Choques elétricos
  • Radiação
  • Lesões e traumas na lente
  • Secundária a outras doenças oculares : uveíte (inflamação intra-ocular), glaucoma, atrofia progressiva de retina.

 

Catarata em gatos

Ocorre com menos frequência relacionadas ao envelhecimento, inflamações intra-oculares e diabetes.
 

Sinais clínicos

A catarata apresenta como principal sinal clínico a dificuldade visual ou a cegueira total que podem levar a alterações de comportamento dos pets. A dificuldade visual inicialmente pode ser mais evidente de dia. Porém, a aparência de olho branco, fica pior à noite quando a pupila está dilatada.  Outros sinais clínicos associados são secundários ao processo inflamatório (uveíte) que acompanha à catarata: hiperemia conjuntival (olho vermelho), blefarospasmo (piscar excessivo), edema de córnea, diminuição da pressão intra-ocular, dentre outros.  As complicações mais comuns de uveíte induzida pela catarata são o glaucoma secundário (aumento da pressão ocular podendo levar a cegueira irreversível) e a atrofia ocular.

Diagnóstico e Tratamento

Para o diagnóstico são necessários o histórico do paciente, exames oftálmicos específicos como biomicroscopia com lâmpada de fenda com a pupila dilatada e a tonometria para avaliação da pressão ocular.  Além disso, o exame clínico e laboratoriais para o diagnóstico de doenças concomitantes. O tratamento para catarata é exclusivamente cirúrgico realizado, principalmente, pela facoemulsificação (aparelho que fragmenta por ultrassom e aspira o material particulado). Para a indicação de cirurgia, a ultrassonografia ocular e a eletrorretinografia são necessárias para a avaliação da porção posterior do olho e funcionamento da retina. O tratamento clínico medicamentoso visa o controle da inflamação crônica gerada e suas sequelas. O uso de antiinflamatórios e o acompanhamento devem ser realizados sempre, mesmo em animais que não serão submetidos à cirurgia. Quando acompanhada e tratada em estágios iniciais o controle da inflamação e a prevenção de complicações tem melhores resultados.

Prevenção

Uma variedade de agentes terapêuticos têm sido propostos em prevenir, retardar ou até mesmo reverter cataratas, embora nenhum tenha provado ser eficaz em estudos controlados e algumas podem ser tóxicos aos pacientes. Se seu animal começou a ficar com os olhos brancos, opacos ou apresenta dificuldades visual procure o acompanhamento de um oftalmologista veterinário mesmo que a cirurgia não possa ser realizada.

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