Nascer cego é diferente de ficar cego. Um animal que já nasce cego pode ter algumas dificuldades, sem dúvida, mas ele não conhece nada diferente disso. Então, ele não precisa “se ajustar” – ele irá, desde o início da vida, aprender a viver como um animal cego. Já um pet que se torna cego, após ter passado anos usando a visão como o sentido primário, pode ter mais dificuldades, mas geralmente eles se adaptam de forma positiva a essa situação.
Os pets são conhecidos pela sua filosofia “carpe diem” (viver no momento, sem remoer o passado ou se preocupar com o futuro). Por isso, a maior parte deles se adaptam com relativa facilidade à cegueira, sem que haja um grande impacto emocional. Quando o animal se torna cego de forma mais lenta e gradual, como ocorre na maioria dos casos de catarata por exemplo, há mais tempo para a adaptação, e tudo se torna mais fácil. Já a cegueira aguda com por exemplo um glaucoma ou um descolamento de retina, pode deixar o animal desorientado, e apenas com um período de adaptação de alguns meses, na maioria das vezes, é que eles começam a demonstrar que a cegueira não é um fator limitante para eles.
Não é infrequente atendermos animais que os tutores dizem que enxergam bem em casa, ou seja, no lugar onde esse pet vive e está acostumado, e que na verdade são diagnosticados totalmente cegos após a realização dos exames oftálmicos durante uma consulta. Muitas vezes isso acontece em pacientes que foram perdendo a visão aos poucos e com isso foi se adaptando de forma surpreendente ao ambiente onde vive. Isso é um exemplo de como eles se adaptam bem e conseguem ter uma qualidade de vida muito boa.
Quando temos um pet que se torna cego, tanto o animal quanto o próprio tutor precisam se adaptar a esta nova situação. Como fazer isso?
Algumas orientações importantes podem ajudar; por exemplo não mudar a posição dos móveis com frequência também ajuda seu pet a memorizar a disposição dos móveis na casa e evitar que ele se machuque esbarrando nas coisas. Recomendados que mude os móveis de lugar o mínimo de vezes possível. Cobrir piscinas, colocar grades para evitar que o pet chegue até a escada ou piscina, ou algum outro local da casa que possa ser perigoso, é muito importante. Pois mesmo que este venha a se acostumar, ele pode se acidentar em algum descuido se tais cuidados não forem tomados; entre outras orientações que podem fazer uma convivência melhor e mais segura. Nós publicamos um artigo com o título Como lidar com o cão cego. Entre em nosso blog no site e acesse essas orientações.
A rotina faz os animais se sentirem seguros, o pet cego precisa ainda mais da rotina para saber que está tudo bem, afinal a rotina está sendo seguida. No início pode parecer difícil, mas não perca a persistência, seguir a rotina vai depender muito mais de você do que do seu pet, e essa rotina vai fazer ele se sentir muito melhor.
É possível sim que um pet cego tenha uma vida tranquila e muito feliz. Sempre que essa dúvida ficar presente, sugerimos uma conversa com tutores que tem um pet cego para ouvir a experiência dele e assim perceber o quanto eles podem viver muito feliz.