O desenvolvimento da catarata nos pets assim como em humanos é uma das principais causas de perda da visão, principalmente nos mais idosos, sendo muito mais comum nos cães do que nos gatos. Trata-se da diminuição ou ausência de transparência da lente natural do olho, antes denominada cristalino; que pode apresentar-se de coloração azulada e até mesmo esbranquiçada, impedindo a passagem da luz para dentro dos olhos até a retina, e consequentemente diminuindo a visão ou até mesmo levando à cegueira.
O que fazer? Importante deixar sedimentado que o único tratamento indicado pela ciência com resultados positivos tanto para a medicina humana quanto para a veterinária é o tratamento cirúrgico. E quase mais importante ainda, é que o quanto antes a cirurgia for realizada melhores são os resultados, ou seja, o quanto mais “jovem” é a catarata, menor são os danos cirúrgicos e melhor prognóstico para a visão.
A técnica cirúrgica de escolha tanto em humanos quanto na veterinária é a Facectomia extracapsular por Facoemulsificação, onde a lente opaca (catarata) é removida por meio de incisões corneanas mínimas, com um sistema de fragmentação e aspiração da lente. Esse procedimento é realizado com um aparelho específico chamado Facoemulsificador. No local da lente removida, na cápsula da lente, é implantada uma lente de acrílico dobrável para dar qualidade visual ao paciente e prevenir a formação de opacidade de cápsula posterior. Não há distinção da técnica cirúrgica realizada em cães ou gatos, entretanto, a lente implantada em cada espécie é diferente tanto em relação à dioptria quanto ao tamanho.
Na medicina humana esse procedimento demora entre 7 – 15 minutos, mediante a sedativos e anestésicos tópicos. Já na medicina veterinária, como já foi mencionada em post anterior, esses procedimentos necessitam de anestesia geral (inalatória) e monitoração anestésica durante o procedimento todo, o que tem o tempo médio de 50 minutos. Outra diferença entre as espécies, é o tamanho no núcleo (lente natural), que nos animais é bem mais volumoso e tende a ser mais fibroso que em humanos.
Uma outra diferença que “assombra” a veterinária, é referente ao processo inflamatório que a própria catarata pode ocasionar. O olho do cão inflama mais que o olho do gato e do ser humano, portanto, tem uma maior predisposição a desenvolver glaucoma (aumento da pressão do olho) no pós-operatório.
Depois da cirurgia é prescrito colírios a base de antibióticos e anti-inflamatórios, e dependendo dos casos medicações por via oral também. Os olhos são protegidos pelo colar elizabetano ou por viseiras. As maiores complicações da cirurgia de catarata nos cães é a uveíte e glaucoma, que são resultados da inflamação pós-operatória como já fora mencionado, embora isso não seja frequente. Porém muitas vezes isso pode ser manejado com medicações sem maiores consequências. Em contrapartida, animais portadores de catarata que não sejam submetidos a cirurgia independente do motivo, têm maior risco de desenvolvimento de uveíte e glaucoma que os operados.
Apesar dos riscos mínimos da cirurgia, sejam cirúrgicos ou anestésicos, sempre o melhor caminho será a cirurgia, desde que tenha passado com veterinário especialista e bem capacitado para avaliar os prós e contras de uma cirurgia. Lembrando sempre que o objetivo principal da cirurgia é o retorno visual do paciente, o que é para a maioria dos responsáveis, algo muito importante, mesmo que seja por pouco o tempo essa recuperação visual.
É sempre muito gratificante quando eles voltam a enxergar. Vemos isso pelas reações deles nos retornos, quando entram olhando para tudo e para todos os lados, abanando a cauda com semblante de alegria. E por falar em alegria, quando perguntamos aos responsáveis se perceberam diferença na qualidade de vida deles (pets) sempre ouvimos “ele voltou a brincar, não fica mais dormindo o tempo todo, está mais alegre e passeando com mais vontade, pode-se dizer que ele voltou a viver” …